Já se passaram anos desde que os cavaleiros da Távola Redonda partiram em busca do Santo Graal. Muitos morreram. Outros desistiram e voltaram para casa, envergonhados. Percival continuava sua busca, mas o Graal permanecia esquivo.
Em Camelot, o Rei Arthur estava triste. A Távola Redonda estava quase vazia. Dos cento e cinquenta cavaleiros que partiram, poucos restavam. O lugar mais misterioso de todos continuava vazio: o Assento Perigoso!
Esse era um lugar especial na Távola Redonda, sempre coberto com um pano dourado. Letras mágicas apareciam no pano: "Aqui se sentará aquele que encontrará o Santo Graal." Mas havia um aviso terrível: qualquer um que se sentasse ali sem ser o escolhido morreria instantaneamente!
Por isso, o Assento Perigoso ficava sempre vazio. Esperando...
Um dia, chegou a Camelot um jovem cavaleiro desconhecido. Ele era alto e belo, com cabelos dourados que brilhavam ao sol. Seus olhos eram azuis e puros como o céu. Ele usava armadura vermelha e branca - as cores da pureza e do sacrifício.
"Quem és tu, jovem cavaleiro?" perguntou o Rei Arthur.
"Meu nome é Galahad," respondeu o jovem com voz firme mas humilde. "Sou filho de Sir Lancelot du Lac, mas fui criado longe de Camelot, em um convento de freiras. Venho buscar meu lugar entre os Cavaleiros da Távola Redonda."
Todos ficaram surpresos! Lancelot tinha um filho? Ninguém sabia!
Lancelot se aproximou, com lágrimas nos olhos. "Meu filho! É verdade! Quando eras bebê, te levei para ser criado pelas freiras santas, longe das tentações do mundo. Eu sabia que tinhas um destino especial!"
Arthur examinou o jovem. Havia algo diferente nele - uma luz, uma pureza que ele nunca havia visto em nenhum outro cavaleiro, nem mesmo em Percival!
"Vem, Galahad," disse Arthur. "Juntarás a nós na Távola Redonda."
Arthur o levou até o grande salão. E então, algo incrível aconteceu!
Quando Galahad entrou no salão, o pano dourado do Assento Perigoso começou a brilhar! As letras mágicas mudaram! Agora diziam: "Este é o assento de Sir Galahad!"
Todos ficaram sem fôlego! Seria possível?
"Senta-te, meu filho," disse Arthur, com voz trêmula.
Galahad, sem medo, se aproximou do Assento Perigoso. Todos prenderam a respiração. Se ele não fosse o escolhido, morreria!
Galahad se sentou.
E nada aconteceu! Ele estava vivo! O Assento Perigoso o havia aceitado!
Um brilho dourado envolveu Galahad. Música celestial encheu o salão, embora não houvesse músicos! E todos souberam: este era o cavaleiro que encontraria o Santo Graal!
Mas as maravilhas daquele dia não terminaram ali!
Enquanto celebravam, um servo entrou correndo. "Majestade! Majestade! Uma grande pedra está flutuando no rio! E há uma espada cravada nela!"
Todos correram para ver. Era verdade! Uma grande pedra de mármore vermelho flutuava na água, desafiando as leis da natureza! E cravada nela havia uma espada magnífica, com cabo de ouro e rubis!
Na pedra, havia uma inscrição:
E este é o cavaleiro que completará a busca do Santo Graal!"
Todos os cavaleiros presentes tentaram puxar a espada. Nenhum conseguiu! Nem mesmo Lancelot, o maior de todos!
Então Galahad se aproximou. Ele colocou a mão no cabo da espada e puxou. A espada saiu facilmente, como se estivesse esperando por ele!
"A Espada do Graal!" murmurou Merlin, que havia aparecido misteriosamente. "Agora todos os sinais estão completos. Galahad, tua jornada começa!"
Na manhã seguinte, Galahad partiu em busca do Santo Graal. Ele não foi sozinho - Percival e outro cavaleiro puro chamado Sir Bors o acompanharam. Eram os três cavaleiros mais puros de toda a Távola Redonda!
Eles viajaram juntos por muitas terras. Enfrentaram dragões e demônios. Resistiram a tentações terríveis - demônios disfarçados de anjos tentaram desviá-los do caminho. Mas os três permaneceram firmes!
Um dia, chegaram a uma floresta escura e assustadora. No centro da floresta, havia um castelo em ruínas - o Castelo Carbonek, onde vivia o Rei Pescador!
"É aqui," disse Percival, com lágrimas nos olhos. "É aqui que vi o Graal pela primeira vez e falhei em fazer a pergunta certa!"
"Não falhaste, Percival," disse Galahad gentilmente. "Tua jornada foi necessária. Ela te preparou para este momento. Agora, juntos, completaremos a busca!"
Os três cavaleiros entraram no castelo.
O Rei Pescador estava deitado em sua cama, ainda sofrendo com a ferida que nunca sarava. Quando viu Galahad, seus olhos brilharam!
"Finalmente!" sussurrou o rei velho. "Finalmente o cavaleiro escolhido chegou!"
Naquela noite, houve uma grande ceia no castelo. E então, a procissão começou - exatamente como Percival havia visto anos antes!
Primeiro veio um jovem carregando a lança sangrenta. Depois, uma donzela carregando a bandeja de prata. E finalmente...
O Santo Graal!
Mas desta vez, o Graal não estava coberto! Ele brilhava com luz celestial - uma luz mais brilhante que mil sóis, mas que não machucava os olhos! O cálice era de ouro puro, cravejado com pedras preciosas que não eram deste mundo!
A luz do Graal encheu o salão. Todos que a viram sentiram paz perfeita, amor perfeito, alegria perfeita! A ferida do Rei Pescador sarou instantaneamente! O velho rei se levantou, curado, e chorou de alegria!
Galahad se aproximou do Graal. Ele caiu de joelhos, com lágrimas escorrendo pelo rosto.
"Santo Graal," disse ele com voz trêmula, "toda minha vida foi uma preparação para este momento. Permita-me beber de ti!"
Uma voz veio do Graal - suave como música, poderosa como trovão:
Mas saiba: quem bebe do Graal vê a face de Deus.
E depois de ver isso, nada neste mundo te satisfará mais.
Ainda assim desejas beber?"
"Sim!" disse Galahad sem hesitar. "Prefiro ver a face de Deus uma vez do que viver mil anos sem vê-la!"
Galahad bebeu do Santo Graal.
E o que ele viu, nenhum mortal pode descrever! Ele viu anjos! Viu o céu! Viu mistérios que não podem ser ditos! Seu rosto brilhou com luz celestial!
Percival e Bors também beberam, mas apenas um gole pequeno. Eles viram maravilhas, mas não tanto quanto Galahad!
Depois de beber, Galahad se virou para seus companheiros. Seu rosto estava diferente - glorioso, brilhante, quase não parecia humano mais!
"Meus irmãos," disse ele com voz serena, "a busca está completa! Vi o que vim ver! Agora... agora devo partir."
"Partir? Para onde?" perguntou Percival.
"Para casa," sorriu Galahad, olhando para cima. "Minha verdadeira casa."
Ele se deitou no chão, em frente ao Graal, com os braços em cruz. E então, algo milagroso aconteceu!
Anjos desceram do céu! Uma luz branca e gloriosa envolveu Galahad! E quando a luz clareou... Galahad havia partido! Seu corpo permanecia ali, com expressão de paz perfeita, mas sua alma havia voado para o céu!
E o Santo Graal? Ele também subiu! Com cânticos angelicais, o Graal se elevou, mais e mais alto, até desaparecer no céu!
O Graal deixou este mundo. Ele voltou para o céu, para aguardar o dia em que outro cavaleiro perfeito surgiria.
Percival e Bors enterraram o corpo de Galahad com honras. Eles permaneceram no Castelo Carbonek por algum tempo, servindo o Rei Pescador - que agora estava curado e feliz!
Percival decidiu ficar ali para sempre, tornando-se um ermitão e rezando todos os dias. Bors, porém, retornou a Camelot para contar a história.
Quando Bors chegou em Camelot e contou tudo, houve alegria e tristeza juntas. Alegria porque a busca havia sido completada! Tristeza porque Galahad estava morto e o Graal havia partido.
"O maior cavaleiro que já viveu," disse Arthur com lágrimas, "e nós o tivemos conosco por apenas um dia! Mas que dia glorioso foi aquele!"
A Távola Redonda nunca mais foi a mesma. Dos cento e cinquenta cavaleiros que partiram em busca do Graal, apenas vinte e dois retornaram. A grande aventura estava terminada.
Mas a história de Galahad e do Santo Graal nunca seria esquecida! Era contada e recontada, de geração em geração, inspirando todos a buscar pureza, bondade e fé!
E quanto ao Santo Graal? Dizem que ele ainda existe, em algum lugar entre o céu e a terra. Aguardando. Esperando pelo próximo cavaleiro puro, pelo próximo coração perfeito, pela próxima alma que ouse buscá-lo.
Será você?
Lições do Santo Graal
Pureza de coração: Galahad venceu não porque era o mais forte ou habilidoso, mas porque tinha o coração mais puro. Bondade vale mais que poder!
Preparação: A vida inteira de Galahad foi uma preparação para seu grande momento. Cada coisa que fazemos hoje nos prepara para o futuro!
Sacrifício: Galahad alcançou seu objetivo, mas isso significou deixar este mundo. Às vezes, as maiores conquistas exigem os maiores sacrifícios.
Trabalho em equipe: Mesmo sendo o escolhido, Galahad não estava sozinho. Percival e Bors o ajudaram. Nenhuma grande conquista é feita sozinha!
Esperança: Mesmo quando a busca parecia impossível, os cavaleiros não desistiram. Perseverança e fé levam ao sucesso!



