José chegou ao Egito como escravo. Longe de casa, longe de seu pai, sem sua túnica colorida. Tudo o que ele conhecia havia ficado para trás. Mas havia algo que seus irmãos não puderam tirar dele: Deus estava com José.
Os midianitas venderam José a Potifar, oficial do faraó e chefe da guarda real. Potifar era um homem poderoso e rico no Egito. José se tornou escravo em sua grande casa.
No começo, José era apenas mais um escravo entre muitos. Mas logo Potifar começou a perceber que havia algo diferente naquele jovem hebreu. Tudo o que José fazia prosperava. Era como se a bênção de Deus estivesse sobre ele.
Potifar viu que o Senhor estava com José e que fazia prosperar em suas mãos tudo o que ele empreendia. José achou graça aos olhos de Potifar e tornou-se seu servo de confiança. Potifar o constituiu mordomo de sua casa e confiou-lhe tudo o que possuía.
A partir do momento em que o pôs à frente de sua casa e de todos os seus bens, o Senhor abençoou a casa do egípcio por causa de José. A bênção do Senhor estava sobre tudo o que ele possuía, tanto em casa como no campo.
Potifar confiou tudo a José. Não se preocupava com nada, exceto com a comida que comia. José era responsável por tudo - pelos servos, pelos campos, pelo gado, pelas finanças. E tudo prosperava sob seu cuidado.
José era belo de porte e de semblante. Com o tempo, a mulher de Potifar pôs os olhos nele e lhe disse: "Deita-te comigo."
Mas José recusou e disse à mulher de seu senhor: "Meu senhor não se preocupa comigo com nada do que há em casa. Ele confiou a mim tudo o que possui. Ninguém é maior do que eu nesta casa, e nada me foi proibido, senão a ti, porque és sua mulher. Como, pois, poderia eu cometer tamanha maldade e pecar contra Deus?"
José sabia que aquilo seria errado de três maneiras: seria trair a confiança de seu senhor, seria quebrar o matrimônio dela, e mais importante ainda, seria pecar contra Deus. Mesmo sendo escravo, José escolheu fazer o que era certo.
Dia após dia, ela insistia com José. Mas ele não a ouvia, recusando deitar-se ao lado dela e estar com ela. José até evitava ficar sozinho na casa quando ela estava lá.
Um dia, José entrou na casa para fazer seu trabalho, e não havia nenhum dos empregados em casa. Ela o agarrou pela túnica, dizendo: "Deita-te comigo!"
José deixou a túnica nas mãos dela e fugiu para fora. Era melhor perder a túnica do que pecar contra Deus. Pela segunda vez em sua vida, José perdeu uma túnica por fazer o que era certo.
Quando ela viu que José havia fugido, deixando a túnica em suas mãos, ficou furiosa. Uma mulher orgulhosa e poderosa não estava acostumada a ser rejeitada. Sua paixão se transformou em ódio.
Ela chamou os empregados da casa e lhes disse: "Vede! Trouxeram-nos um hebreu para zombar de nós. Entrou até mim para deitar-se comigo, mas gritei em alta voz. Ouvindo-me gritar, deixou sua túnica ao meu lado e fugiu para fora."
Ela guardou a túnica de José até que seu marido voltasse. Quando Potifar chegou, ela lhe contou a mesma história mentirosa: "O escravo hebreu que nos trouxeste veio até mim para zombar de mim. Mas quando gritei, ele deixou a túnica ao meu lado e fugiu."
Potifar ficou furioso ao ouvir as palavras de sua mulher. Ele acreditou nela em vez de acreditar em José.
O senhor de José mandou prendê-lo e o lançou no cárcere onde estavam presos os prisioneiros do rei. E José ficou ali, no cárcere.
Novamente José havia perdido tudo. Primeiro, seus irmãos o venderam como escravo. Agora, por fazer o que era certo, estava na prisão. Seria fácil ficar amargo, questionar a Deus, desistir de fazer o bem.
Mas José não desistiu. Mesmo na prisão, José continuou confiando em Deus. E Deus não o abandonou.
O Senhor estava com José na prisão e lhe mostrou benevolência. O chefe do cárcere lhe concedeu seu favor. Ele confiou a José todos os prisioneiros que havia no cárcere, e tudo o que ali se fazia era sob sua direção.
Algum tempo depois, o copeiro-mor e o padeiro-mor do rei do Egito ofenderam seu senhor, o rei do Egito. O faraó indignou-se contra estes dois oficiais, o chefe dos copeiros e o chefe dos padeiros, e mandou prendê-los na casa do chefe da guarda, no mesmo cárcere onde José estava preso.
O chefe da guarda confiou-os a José, que os servia. Eles ficaram algum tempo na prisão.
Uma noite, tanto o copeiro como o padeiro do rei do Egito, que estavam presos no cárcere, tiveram um sonho, cada um com sua própria interpretação.
Quando José veio até eles pela manhã e os viu, notou que estavam tristes. Ele perguntou aos oficiais do faraó que estavam presos com ele: "Por que estais com o semblante tão triste hoje?"
Eles responderam: "Tivemos um sonho, e não há quem o interprete."
José lhes disse: "Não vêm de Deus as interpretações? Contai-me os sonhos."
O chefe dos copeiros contou seu sonho a José: "Em meu sonho, havia uma videira diante de mim. Na videira havia três ramos. Logo que brotou, floresceu, e seus cachos produziram uvas maduras. Eu tinha na mão a taça do faraó. Tomei as uvas, espremi-as na taça do faraó e entreguei a taça em suas mãos."
José lhe disse: "Esta é a interpretação: os três ramos são três dias. Dentro de três dias, o faraó te restabelecerá em teu cargo, e porás a taça na mão do faraó, como fazias antes, quando eras seu copeiro."
Então José fez um pedido ao copeiro: "Mas quando tudo correr bem contigo, lembra-te de mim e faze-me a mercê de falar de mim ao faraó, e tira-me desta casa. Fui roubado da terra dos hebreus, e também aqui nada fiz para que me pusessem no cárcere."
Quando o chefe dos padeiros viu que a interpretação era favorável, disse a José: "Também eu tive um sonho. Havia três cestos de pão branco sobre minha cabeça. No cesto de cima havia toda espécie de manjares que o padeiro prepara para o faraó, e as aves os comiam no cesto sobre minha cabeça."
José respondeu: "Esta é a interpretação: os três cestos são três dias. Dentro de três dias, o faraó te cortará a cabeça, te pendurará numa árvore, e as aves comerão tua carne."
Era uma interpretação terrível, mas José disse a verdade que Deus lhe mostrou.
Ao terceiro dia, que era o aniversário do faraó, ele deu um banquete para todos os seus servos. E levantou a cabeça do chefe dos copeiros e a cabeça do chefe dos padeiros no meio de seus servos.
Restabeleceu o chefe dos copeiros em seu cargo, e ele pôs a taça na mão do faraó. Mas enforcou o chefe dos padeiros, conforme José lhes havia interpretado.
Tudo aconteceu exatamente como José havia dito! Deus havia dado a José o dom de interpretar sonhos, e suas palavras eram verdadeiras.
Mas o chefe dos copeiros não se lembrou de José. Esqueceu-se dele completamente.
José continuou na prisão. Mais tempo passou. Dias, semanas, meses. Dois anos inteiros se passaram, e José ainda estava na prisão. O copeiro havia se esquecido completamente dele.
Mas Deus não havia esquecido de José. O tempo de Deus estava chegando. Os sonhos que José havia tido quando jovem ainda iriam se cumprir, de uma maneira que ninguém poderia imaginar.
Reflexão



