Os exércitos se reuniram na planície de Camlann. De um lado, o Rei Arthur com os cavaleiros leais da Távola Redonda. Do outro, Mordred com seus aliados e mercenários.
Pai contra filho. Tio contra sobrinho. Bretão contra bretão.
Era verão, mas o ar estava frio como inverno. Corvos circulavam no céu, como se soubessem que em breve haveria um banquete. A própria terra parecia chorar pelo que estava prestes a acontecer.
Na noite anterior à batalha, Arthur teve um sonho...
No sonho, Arthur viu Sir Gawain - seu sobrinho leal que havia morrido semanas antes, ferido em uma batalha menor contra os homens de Mordred.
"Tio," disse o fantasma de Gawain, "não lutes amanhã! Se lutares, morrerás! Mordred morrerá! Todos morrerão! Espera um mês! Sir Lancelot está vindo com seu exército para te ajudar! Espera!"
Arthur acordou suando. Era um aviso? Uma visão real?
Pela manhã, ele convocou seus conselheiros. "Talvez possamos evitar esta batalha. Irei encontrar Mordred sob bandeira de trégua. Negociaremos!"
Alguns cavaleiros protestaram. "Negociar com o traidor? Nunca!"
Mas Arthur era o rei. "Já houve morte demais. Se puder salvar uma vida que seja, tentarei!"
Mordred, surpreendentemente, concordou em se encontrar. Talvez ele também estivesse cansado. Ou talvez tivesse seus próprios medos...
Arthur e Mordred se encontraram entre os dois exércitos. Cada um trouxe alguns cavaleiros como testemunhas.
Mas antes de ir, Arthur deu uma ordem estranha: "Se virdes qualquer espada desembainhada durante a negociação - por qualquer razão - soai a trombeta e atacai imediatamente!"
Mordred, sem saber, deu a mesma ordem a seus homens!
O encontro começou tensamente.
"Tio," disse Mordred, usando o título com ironia, "que ofereceis?"
"Paz," respondeu Arthur calmamente. "Podes manter as terras que tomaste. Serás conde, respeitado, rico. Mas reconhecerás que EU sou o rei!"
Mordred hesitou. Era uma oferta generosa. Talvez até demais...
Enquanto eles negociavam, algo terrível aconteceu. Uma víbora - uma pequena cobra venenosa - deslizou pela grama e mordeu o tornozelo de um dos cavaleiros de Mordred!
O cavaleiro, por instinto, puxou sua espada para matar a cobra!
O sol brilhou na lâmina da espada!
Ambos os exércitos viram a espada desembainhada!
BAAAAA! As trombetas soaram! "TRAIÇÃO!" gritaram ambos os lados!
E assim, apesar de todas as tentativas de evitar, a batalha começou!
Era uma loucura! Cavaleiros que haviam comido juntos, rido juntos, lutado lado a lado, agora se matavam!
Arthur lutava como um leão! Excalibur brilhava em sua mão, nunca errando o alvo! Mas para cada inimigo que caía, um amigo também caía!
Sir Bedivere, um dos últimos cavaleiros leais, lutava ao lado de Arthur. Sir Lucan, seu irmão, protegia as costas do rei!
Mordred também lutava ferozmente! Ele não tinha a nobreza de Arthur, mas tinha coragem e habilidade!
A batalha durou o dia inteiro. O sol nasceu sobre dois exércitos! O sol se pôs sobre montanhas de mortos!
Quando finalmente escureceu, apenas três homens do lado de Arthur ainda viviam: o próprio Arthur, Sir Bedivere e Sir Lucan. E Lucan estava mortalmente ferido!
Do lado de Mordred, apenas o próprio Mordred vivia!
Cem mil homens foram para a batalha. Quatro sobreviveram.
Arthur viu Mordred através do campo de batalha, apoiado em sua espada, ferido mas vivo.
"Senhor," implorou Sir Bedivere, "a batalha acabou! Partamos! Podemos nos recuperar, reunir forças!"
Mas Arthur apontou para Mordred. "Enquanto ele viver, o reino estará dividido. Enquanto ele viver, haverá guerra. Isto... isto deve terminar hoje!"
Arthur pegou uma lança e caminhou através do campo de mortos em direção a Mordred.
Mordred o viu vindo. Ele também pegou sua lança. Eles se encontraram no centro do campo de batalha, onde tudo tinha começado!
"Ainda podemos parar!" gritou Arthur. "Somos os únicos que restam! Não precisa terminar assim!"
"Precisa sim!" gritou Mordred de volta. "Um de nós deve morrer! Não há outra forma!"
E ele investiu contra Arthur!
Arthur bloqueou o golpe e contra-atacou! Mesmo feridos, mesmo exaustos, eles lutaram com toda a habilidade que possuíam!
Então Arthur viu uma abertura. Ele enfiou sua lança através do corpo de Mordred!
Mordred gritou! Mas com suas últimas forças, ele puxou a lança mais para dentro de si mesmo - forçando-a a penetrar completamente através de seu corpo - para poder alcançar Arthur!
E ele bateu na cabeça de Arthur com sua espada!
Ambos caíram!
Sir Bedivere e o moribundo Sir Lucan correram até Arthur. Mordred já estava morto. Mas Arthur... Arthur ainda respirava!
"Meu rei!" chorou Bedivere. "Vive! Por favor, vive!"
Arthur abriu os olhos. Havia uma ferida terrível em sua cabeça. "Lucan... Bedivere... meus fiéis amigos... chegou minha hora..."
"NÃO!" gritou Bedivere.
Mas naquele momento, Lucan - que estava mortalmente ferido - suspirou pela última vez e morreu. Arthur chorou por seu cavaleiro fiel.
"Bedivere," disse Arthur fracamente, "leva-me daqui. Leva-me à água..."
Bedivere carregou seu rei através do campo de batalha, passando por todos os mortos, até chegarem a um lago.
"Bedivere," disse Arthur, "toma Excalibur. Joga-a no lago. Então volta e me conta o que viste!"
Bedivere pegou a espada sagrada. Mas quando olhou para ela - tão linda, cravejada de joias - ele não conseguiu!
"É valiosa demais!" pensou ele. "Não posso desperdiçá-la!" E ele escondeu a espada e voltou para Arthur.
"O que viste?" perguntou Arthur.
"Vi... vi ondas e vento," mentiu Bedivere.
"MENTIROSO!" Arthur tinha força para um último rugido. "Excalibur é mágica! Algo teria acontecido! Vai e faz o que te ordenei!"
Bedivere voltou ao lago. Desta vez, com lágrimas nos olhos, ele jogou Excalibur na água!
E então algo milagroso aconteceu!
Uma mão - uma mão de mulher, pálida e bela - surgiu do lago! A mão pegou Excalibur, brandiu-a três vezes no ar, e então puxou-a para baixo das águas! A Dama do Lago havia reclamado sua espada!
Bedivere correu de volta para Arthur e contou o que viu.
"Está feito então," sussurrou Arthur. "Agora... agora me leva à margem..."
Bedivere carregou Arthur de volta à margem do lago. E ali, através da névoa que estava se formando, veio um barco!
No barco estavam três mulheres vestidas de negro. Mas quando se aproximaram, Bedivere reconheceu a primeira: era Morgana le Fay, meio-irmã de Arthur!
"Irmão," disse Morgana suavemente - sem raiva, sem triunfo, apenas tristeza infinita, "vem. Levar-te-ei a Avalon. Lá tentarei curar tuas feridas."
"Morgana?" Arthur a reconheceu. "Tu... que foste minha inimiga... vens me salvar?"
"Foste muitas coisas para mim, Arthur," disse ela. "Inimigo, sim. Mas também irmão. E no final, família é família. Vem."
Bedivere colocou Arthur gentilmente no barco. Arthur segurou a mão de Bedivere.
"Meu fiel cavaleiro... meu amigo... obrigado. Por tudo."
"Senhor," chorou Bedivere, "volverás? Camelot precisa de ti! O reino precisa de ti! EU preciso de ti!"
Arthur sorriu fracamente. "Talvez... dizem que Avalon é um lugar de cura, de magia. Talvez eu durma lá e cure. E talvez... talvez quando a Bretanha mais precisar de mim, quando as coisas estiverem em sua pior hora... eu retornarei!"
Diz que ele apenas dorme.
Não digas que o rei morreu.
Diz que ele espera.
Pois eu voltarei!
Quando vocês mais precisarem,
Quando a esperança parecer perdida,
Eu voltarei!"
O barco começou a se afastar, desaparecendo na névoa.
Bedivere ficou sozinho na margem, chorando, observando o barco desaparecer. O último cavaleiro da Távola Redonda. Sozinho.
E assim terminou Camelot.
O grande salão ficou vazio. A Távola Redonda, rachada e quebrada. Guinevere, ao ouvir a notícia, tornou-se freira e passou o resto de seus dias em oração. Lancelot, quando soube, também se retirou do mundo, vivendo como ermitão.
O sonho havia terminado.
Ou... tinha?
Porque Bedivere não enterrou a história. Ele a contou. Contou sobre Arthur, o menino que puxou a espada da pedra. Sobre a Távola Redonda e os cavaleiros nobres. Sobre a busca do Santo Graal. Sobre amor, traição, guerra e sacrifício.
E suas histórias foram contadas e recontadas. De geração em geração. Através de séculos!
Camelot como lugar físico caiu. Mas Camelot como IDEIA? Essa nunca caiu!
A ideia de que a força deve servir à justiça. A ideia de que todos merecem ter voz. A ideia de que devemos proteger os fracos. A ideia de que devemos lutar pelo que é certo, mesmo quando é difícil!
Essas ideias vivem! Vivem em cada pessoa que escolhe fazer o bem. Vivem em cada pessoa que defende o que é certo. Vivem em VOCÊ!
E quanto a Arthur?
Alguns dizem que ele morreu em Avalon e foi enterrado lá. Outros dizem que ele ainda dorme, curado mas esperando. E outros dizem que ele já retornou, mas de formas que não esperávamos!
Talvez Arthur retorne cada vez que alguém defende um colega sendo intimidado. Cada vez que alguém fala a verdade quando seria mais fácil mentir. Cada vez que alguém escolhe perdoar em vez de vingar. Cada vez que alguém vê uma mesa e pensa: "Aqui, todos somos iguais!"
Talvez Arthur nunca tenha partido. Talvez ele viva em cada um de nós!
Há um lugar na Inglaterra - a Abadia de Glastonbury - onde dizem que Arthur está enterrado. A lápide dizia (antes de desaparecer há séculos):
(Aqui jaz Arthur, o rei que foi e o rei que será)
O rei que foi... e o rei que será.
Não "morreu". Não "terminou". Mas "será"!
Porque Arthur não é apenas sobre o passado. É sobre o futuro. O NOSSO futuro!
Então, querido leitor, nossa jornada pelas lendas arturianas chega ao fim.
Vimos Arthur nascer em mistério e se tornar rei ao puxar a espada da pedra. Vimos a criação da Távola Redonda. Conhecemos cavaleiros nobres - Lancelot, Gawain, Percival, Galahad, Gareth. Testemunhamos a busca do Santo Graal. Conhecemos Merlin, o maior mago. Morgana, a feiticeira complexa. E vimos Camelot subir e cair!
Foi uma jornada de magia e maravilha. De amor e traição. De esperança e perda. De heróis imperfeitos tentando fazer o que é certo!
Mas mais que tudo, foi uma jornada sobre VOCÊ!
Porque essas histórias não são apenas sobre pessoas que viveram há muito tempo. São sobre quem VOCÊ pode se tornar!
Você pode ser corajoso como Arthur! Nobre como Lancelot! Puro como Galahad! Sábio como Merlin! Determinado como Percival!
E quando você cair - porque todos caímos às vezes - você pode se levantar novamente. Aprender. Crescer. Tentar de novo!
As lendas arturianas nos ensinam que não existe final perfeitamente feliz. Mas existe legado. Existe esperança. Existe a promessa de que o bem, mesmo quando parece perder, nunca morre realmente!
Então vá, leitor! Vá e seja sua própria versão de Arthur! Crie sua própria Camelot! Reúna sua própria Távola Redonda de amigos!
E quando alguém perguntar: "Camelot realmente existiu?"
Sorria e responda: "Existe sempre que nós QUEREMOS que exista!"
As Últimas Lições de Camelot
Nada Dura Para Sempre: Até o grande Camelot caiu. Mas isso não torna sua existência sem sentido! O que importa é o que fazemos com o tempo que temos e o legado que deixamos!
Todos Cometem Erros: Arthur confiou em Mordred. Hesitou sobre Lancelot. Lancelot e Guinevere se apaixonaram quando não deviam. TODOS cometeram erros! Somos humanos! O que importa é tentarmos fazer melhor!
Pequenas Coisas Importam: Uma pequena serpente iniciou a batalha final. Pequenos ciúmes, pequenas mentiras, pequenos mal-entendidos - eles se acumulam! Devemos resolver pequenos problemas antes que se tornem grandes!
Perdão é Possível: Morgana, inimiga de Arthur por anos, foi quem o levou para Avalon! Nunca é tarde demais para perdoar, nunca é tarde demais para escolher amor sobre ódio!
Ideias Não Morrem: Camelot físico caiu, mas a IDEIA de Camelot vive! Boas ideias - justiça, igualdade, bondade - são imortais! Elas vivem através de nós!
O Fim Não é o Fim: "Rex Quondam Rexque Futurus" - O Rei que Foi e o Rei que Será! Mesmo quando coisas terminam, sempre há esperança de renascimento, de recomeço!
Você É o Herdeiro: Você não precisa de sangue real ou espada mágica para ser heroico! Você herda o legado de Camelot simplesmente ao escolher fazer o bem, defender o que é certo, tratar outros com justiça!
A História Continua: Nossa jornada pelas lendas arturianas termina aqui... mas SUA jornada apenas começa! Vá e escreva sua própria lenda!
FIM
(Ou seria... INÍCIO?)



