Zeus estava furioso! Primeiro Prometeu o havia desafiado roubando o fogo. E agora os humanos - aquelas criaturinhas insignificantes de argila - tinham o poder do fogo divino!
"Prometeu já está sendo punido," murmurou Zeus, pensando no Titã acorrentado. "Mas a humanidade também merece aprender uma lição! Eles acham que podem usar o fogo dos deuses sem consequências? Vou mostrar-lhes que tudo tem um preço!"
Zeus teve uma ideia... uma ideia terrível e engenhosa.
Ele chamou Hefesto, o deus ferreiro. "Hefesto, você criou armaduras magníficas e armas divinas. Mas agora te dou o desafio supremo: crie uma mulher!"
Hefesto trabalhou em sua forja divina. Ele moldou argila e bronze, misturou elementos divinos e mortais. E finalmente, criou uma figura - a primeira mulher.
Ela era linda, mas estava vazia, como uma estátua.
Zeus chamou todos os deuses do Olimpo. "Venham. Cada um de vocês dará um presente para esta criatura. Vamos torná-la irresistível."
Afrodite, deusa do amor, deu-lhe beleza incomparável. Sua pele brilhava como pérolas, seus olhos eram como estrelas.
Atena, deusa da sabedoria, ensinou-a habilidades: tecer, criar arte, fazer música.
Apolo deu-lhe voz musical, capaz de cantar como nenhum pássaro.
Deméter ensinou-a sobre plantas e jardinagem.
Hera deu-lhe curiosidade e força de vontade.
E Hermes, o deus mensageiro, deu-lhe a fala persuasiva... e uma mente Muito curiosa.
Quando terminaram, a mulher estava perfeita! Ela tinha todos os dons (que em grego se diz "pan-dora")!
"Seu nome será Pandora," declarou Zeus, "aquela que tem todos os dons!"
Mas Zeus não terminou. Ele trouxe uma jarra linda - feita de cerâmica dourada, decorada com desenhos misteriosos! (Nota: na história original era uma jarra, não uma caixa, mas com o tempo as pessoas começaram a chamá-la de "caixa de Pandora"!)
"Pandora," disse Zeus suavemente, "este é meu presente especial para você. Leve esta jarra. Guarde-a com cuidado. Mas nunca - você me ouve? - nunca a abra."
"Por quê?" perguntou Pandora, já demonstrando sua curiosidade.
"Apenas obedeça," disse Zeus com um sorriso misterioso.
Então Hermes levou Pandora até a Terra, até a casa de Epimeteu - o irmão de Prometeu.
Prometeu havia avisado seu irmão: "Epimeteu, nunca aceite presentes de Zeus. Ele está furioso comigo. Qualquer coisa que venha dele é perigosa."
Mas quando Epimeteu viu Pandora... esqueceu completamente o aviso do irmão.
Ela era tão linda. Sua voz era tão doce. Ela cantava como anjos e tecia como nenhuma mortal.
"Você... você quer se casar comigo?" perguntou Epimeteu, completamente encantado.
"Sim!" sorriu Pandora.
E assim, a primeira mulher e Epimeteu se casaram. Por um tempo, foram muito felizes.
Pandora cuidava da casa, plantava jardins lindos, cantava músicas que faziam pássaros pararem para escutar. Epimeteu a amava muito.
Mas havia uma coisa que incomodava Pandora...
A jarra.
Ela estava num canto da casa, bonita e misteriosa. E todos os dias, Pandora olhava para ela e pensava: "O que será que tem lá dentro?"
"Apenas uma espiadinha," Pandora pensava. "Zeus nunca saberia! Só vou olhar rapidinho o que tem dentro..."
Mas ela se lembrava do aviso de Zeus e resistia.
Dias passavam. Semanas passavam. Meses passavam.
Mas a curiosidade crescia e crescia dentro de Pandora como uma planta que não para de crescer. Era um dos "presentes" que Hermes havia dado a ela.
Uma noite, quando Epimeteu estava dormindo, Pandora não aguentou mais.
"Preciso saber," sussurrou ela. "Não vou abrir completamente. Apenas uma frestinha. Apenas para espiar."
Com mãos tremendo, ela se aproximou da jarra...
Segurou a tampa...
E abriu.
Whoooooosh.
Como um furacão, como um tornado, como mil ventos todos de uma vez - coisas começaram a sair voando da jarra.
Não eram objetos. Eram... espíritos. Criaturas invisíveis. Males que nunca existiram no mundo antes.
Pandora gritou e tentou fechar a tampa, mas era tarde demais.
Doença voou para fora - e de repente, pessoas começaram a tossir e espirrar pela primeira vez.
Velhice escapou - e cabelos começaram a ficar grisalhos.
Dor saiu - e pessoas começaram a sentir machucados.
Tristeza, Raiva, Ciúme, Inveja, Medo - todos saíram voando como morcegos da jarra.
Guerra, Fome, Seca, Tempestades destrutivas - tudo escapou.
Eram todos os males que Zeus havia secretamente trancado na jarra. Este era seu presente "generoso" para a humanidade.
Pandora chorou enquanto via os horrores escaparem. "O que eu fiz? O que eu fiz?"
Finalmente, com todas as suas forças, ela bateu a tampa de volta na jarra.
Silêncio.
O quarto ficou quieto. Os males haviam todos escapado, espalhando-se pelo mundo.
Pandora caiu de joelhos, chorando. Epimeteu acordou com o barulho e viu tudo.
"O que aconteceu?" gritou ele.
"Eu... eu abri a jarra," soluçou Pandora. "Todos aqueles espíritos terríveis saíram! Sou responsável por trazer o mal para o mundo!"
Mas então... eles ouviram algo de dentro da jarra.
tap tap tap
Algo ainda estava lá dentro! Algo pequeno, batendo suavemente na tampa!
"O que faço?" perguntou Pandora. "Há mais uma coisa lá dentro! Deve ser outro mal terrível!"
"Não sabemos," disse Epimeteu. "Talvez... talvez desta vez devamos deixar ficar lá."
Mas Pandora, tremendo, disse: "Não. Se há mais um espírito lá, preciso saber. Já causei tanto mal... não pode ficar pior."
Ela abriu a tampa só um pouquinho...
E saiu voando uma pequena luz dourada. Brilhante, quente, reconfortante.
Era Esperança.
A Esperança voou pela sala e tocou Pandora e Epimeteu. Imediatamente, eles se sentiram melhor. Mesmo sabendo do mal que haviam causado, sentiram que... talvez pudessem consertar as coisas. Talvez o futuro não fosse totalmente sombrio.
A Esperança voou para fora da casa e se espalhou pelo mundo, assim como os males.
E assim, o mundo mudou para sempre.
Antes da jarra de Pandora ser aberta, humanos viviam sem doença, sem velhice, sem dor. Mas também viviam quase como animais - sem desafios, sem crescimento.
Depois, tiveram que enfrentar todos os males imagináveis. A vida ficou difícil. Havia sofrimento, tristeza, conflito.
MAS - e este é o "mas" importante - também havia Esperança!
Não importa quão escuro ficasse, sempre havia uma luz pequena dizendo: "Amanhã pode ser melhor! Continue tentando! Você consegue!"
Pandora se arrependeu profundamente. Mas ela e Epimeteu aprenderam algo importante: com Esperança, até os piores erros podem levar a algo melhor.
Eles tiveram uma filha chamada Pirra, que se casou com Deucalião (filho de Prometeu). E dessa união vieram muitos dos humanos que povoaram a Terra.
Hoje, quando dizemos "abrir a caixa de Pandora", queremos dizer causar problemas ao mexer em algo que deveria ficar quieto.
Mas a verdadeira lição é mais profunda:
Sim, curiosidade pode causar problemas. Sim, desobediência tem consequências. Mas também é através da curiosidade que aprendemos. E não importa quão grandes sejam nossos erros, sempre há Esperança.
Zeus queria punir a humanidade. Mas sem querer (ou talvez de propósito?), ele deu o maior presente de todos: a capacidade de ter esperança mesmo nas horas mais escuras.
Reflexão



