Quando Perseu pediu ajuda a Zeus, os deuses responderam.
Primeiro veio Atena, deusa da sabedoria. Ela desceu do Olimpo com sua armadura brilhante.
"Perseu," disse ela, "és corajoso mas imprudente. Não podes simplesmente procurar Medusa sem preparação. Ela te transformará em pedra com um único olhar."
"Então como posso derrotá-la?" perguntou Perseu.
Atena tirou seu escudo - polido como espelho. "Toma isto. Nunca olhes diretamente para Medusa. Usa este escudo como espelho. Verás seu reflexo sem olhar diretamente para ela."
"Mas ainda preciso de uma arma para decapitá-la," disse Perseu.
Então Hermes, mensageiro dos deuses, apareceu com asas em seus pés. "Tenho algo para ti!" Ele entregou a Perseu uma espada adamantina - feita do metal mais duro do universo, capaz de cortar qualquer coisa.
"Mas ainda há um problema," disse Hermes. "Ninguém sabe onde as Górgonas vivem! Estão escondidas nos confins do mundo!"
"Então como as encontro?" perguntou Perseu.
"Deves primeiro procurar as Greias - as Mulheres Cinzentas," disse Atena. "Elas são irmãs das Górgonas. Elas sabem onde Medusa está."
"Onde encontro essas Greias?" perguntou Perseu.
"No extremo ocidente do mundo, onde o sol nunca brilha," respondeu Hermes. "Mas cuidado. As Greias são perigosas e astutas."
Perseu partiu, voando com sandálias aladas que Hermes lhe emprestou. Ele voou sobre o mar, sobre montanhas, além de todas as terras conhecidas, até o lugar onde a névoa era eterna.
Lá, numa caverna escura e úmida, viviam as Greias - três irmãs horríveis que nasceram velhas.
Seus nomes eram Ênio, Pefredo e Dino. Elas tinham cabelos brancos como neve, pele enrugada como pergaminho antigo, e... apenas um olho e um dente entre as três.
"Passaaaa o olhooo, irmãããã!" guinchou uma.
"Ainda não terminei de veeer!" resmungou outra.
Elas compartilhavam o único olho, passando-o de mão em mão para ver.
Perseu observou de longe. "Como posso fazer elas me dizerem onde Medusa está?" pensou ele.
Então teve uma ideia. Ele esperou o momento em que uma Greia tirou o olho e estava passando para a outra...
E Perseu pegou o olho no ar antes que a outra pudesse agarrá-lo.
"Onde está o olho?" gritou uma Greia.
"Eu tinha acabado de passar!" disse outra.
"Você o derrubou, sua tola!" acusou a terceira.
Todas as três tateavam cegamente, procurando o olho perdido.
"Procurais isto?" disse Perseu, segurando o olho.
As Greias gritaram. "Quem és? Devolva nosso olho!"
"Devolverei," disse Perseu, "se me disserdes onde encontrar as Górgonas."
"Jamaaaais!" sibilaram elas. "São nossas irmãããs!"
"Então ficareis cegas para sempre," disse Perseu calmamente.
As Greias resmungaram e se consultaram. Finalmente, Ênio disse: "Muito bem. As Górgonas vivem numa ilha além do rio Oceano. Mas precisarás de mais do que espada e escudo. Precisarás da sacola de invisibilidade e do capacete das trevas."
"Onde os encontro?" perguntou Perseu.
"As Ninfas do Norte os guardam. Vá para o extremo norte, onde o gelo nunca derrete."
Perseu devolveu o olho e voou para o norte.
No extremo norte congelado, Perseu encontrou as Ninfas - espíritos da natureza lindos e gentis.
"Vieste pela sacola e pelo capacete?" perguntou a ninfa líder. "Zeus nos disse que virias."
Elas lhe deram:
- Uma sacola mágica (kibisis) que mudava de tamanho e podia guardar qualquer coisa - até a cabeça da Medusa.
- O Capacete das Trevas (de Hades) - que tornava quem o usasse completamente invisível.
"Agora tens tudo que precisas," disse a ninfa. "Mas lembra-te: Medusa já foi bela como nós. Ela foi amaldiçoada. Não a odeies - apieda-te dela, mas faças o que deves fazer."
Perseu partiu para a ilha das Górgonas, agora totalmente equipado.
A ilha das Górgonas era terrível. Estava coberta de estátuas - pessoas e animais transformados em pedra pelo olhar da Medusa.
Havia guerreiros congelados em poses de ataque. Navegadores transformados enquanto fugiam. Até pássaros petrificados no ar.
Perseu caminhou cuidadosamente entre as estátuas, com o capacete das trevas tornando-o invisível. Ele segurava o escudo de Atena, usando-o como espelho.
E então ele as viu: as três Górgonas.
Esteno e Euríale eram imortais - não podiam morrer. Mas Medusa, a do meio, era mortal.
Todas as três eram monstruosas. Presas de bronze. Garras de metal. E em vez de cabelo, serpentes vivas sibilavam e se contorciam em suas cabeças.
Elas dormiam. Este era o momento de Perseu.
Perseu se aproximou de Medusa cuidadosamente, olhando apenas para seu reflexo no escudo espelhado.
Mesmo dormindo, ela era terrível. As serpentes em sua cabeça sibilavam suavemente. Suas presas brilhavam.
Perseu ergueu a espada adamantina. Olhando apenas no reflexo, ele... cortou.
Em um único golpe limpo, a cabeça de Medusa foi decapitada.
As serpentes sibilaram em agonia. As outras duas Górgonas acordaram gritando.
"Nossa irmããã! Quem fez issso?" rugiu Esteno.
Mas Perseu já tinha colocado a cabeça na sacola mágica (tomando cuidado para não olhar diretamente) e vestido o capacete das trevas.
Invisível, ele voou para longe enquanto as Górgonas furiosas procuravam cegamente por ele.
Perseu voou de volta para casa, carregando a cabeça da Medusa na sacola. Mesmo morta, o olhar da Medusa ainda transformava quem a visse em pedra.
Enquanto voava sobre a Etiópia, Perseu olhou para baixo e viu algo estranho: uma linda mulher acorrentada a um penhasco à beira-mar.
Ele desceu e encontrou Andrômeda - uma princesa que estava prestes a ser sacrificada a um monstro marinho.
"Por que estás acorrentada?" perguntou Perseu, chocado.
"Minha mãe se gabou de que eu era mais bonita que as Nereidas - as ninfas do mar," chorou Andrômeda. "Poseidon, furioso, enviou um monstro para destruir nosso reino. O único jeito de apaziguá-lo é... me sacrificar."
Perseu olhou para ela. Ela era realmente linda - e corajosa. Mesmo enfrentando a morte, ela mantinha sua dignidade.
"Não!" declarou Perseu. "Ninguém será sacrificado hoje. Lutarei contra o monstro!"
Naquele momento, o mar começou a ferver. Ondas gigantes. E então emergiu o Ceto - um monstro marinho imenso com dentes como espadas e olhos vermelhos como brasas.
"Vai! Salva-te!" gritou Andrômeda.
Mas Perseu não fugiu. Ele voou em direção ao monstro com sua espada.
O Ceto tentou devorá-lo. Perseu esquivou. O monstro lançou jatos de água. Perseu voou mais alto.
Então Perseu teve uma ideia. Ele abriu a sacola e tirou... a cabeça da Medusa.
Segurou-a pelo cabelo de serpentes (de costas, para não olhar) e virou para o monstro.
O Ceto olhou diretamente nos olhos mortos da Medusa...
E instantaneamente transformou-se em pedra. Uma enorme estátua de monstro marinho começou a afundar no oceano.
Perseu quebrou as correntes de Andrômeda e a libertou.
"Salvaste minha vida!" disse ela.
"E tu tocaste meu coração," respondeu Perseu. "Casarás comigo?"
"Sim!" sorriu Andrômeda.
Mas havia um problema: Andrômeda já estava prometida a outro homem - seu tio Fineu.
Quando Perseu chegou ao palácio com Andrômeda, Fineu estava furioso. "Ela é minha! Lutarei por ela!"
Fineu atacou com cem soldados. Perseu lutou bravamente mas estava em menor número.
Então, pela última vez, Perseu usou a arma mais poderosa que possuía. Ele tirou a cabeça da Medusa e virou para Fineu e seus soldados.
Todos foram transformados em estátuas de pedra.
Perseu e Andrômeda se casaram. E então, finalmente, ele retornou a Sérifos.
Quando Perseu chegou a Sérifos, encontrou uma cena terrível. Polidectes estava forçando sua mãe Dânae a se casar com ele. Díctis tentava defendê-la mas era velho e fraco.
"Polidectes!" rugiu Perseu, entrando no palácio.
"Perseu?" Polidectes ficou pálido. "Impossível! Deverias estar morto!"
"Querias a cabeça da Medusa?" disse Perseu. "Aqui está!"
E pela última vez, ele tirou a cabeça da sacola.
Polidectes e todos os seus servos cruéis olharam... e viraram pedra.
Perseu fez Díctis se tornar rei de Sérifos. Então ele, Dânae e Andrômeda partiram para Argos - a terra natal de Dânae.
Mas quando chegaram a Argos, Acrísio - o avô de Perseu - fugiu. Ele lembrava da profecia: "Meu neto me matará!"
Perseu não queria matar seu avô. Ele o procurou para fazer as pazes.
Anos depois, Perseu participou de jogos atléticos em outra cidade. Ele lançou um disco... mas o vento o desviou. O disco voou e atingiu um espectador na cabeça, matando-o.
Era Acrísio. Ele havia ido aos jogos disfarçado. A profecia se cumpriu - mas foi um acidente. Perseu jamais desejou isso.
Perseu chorou por seu avô. Mas aprendeu que o destino não pode ser enganado - apenas aceito com coragem.
Ele devolveu todos os itens mágicos aos deuses. Atena pegou a cabeça da Medusa e a colocou em seu escudo - o Égide - onde ela protegeria a deusa para sempre.
Perseu e Andrômeda tiveram muitos filhos. E viveram felizes, lembrando sempre das aventuras incríveis que os uniram.
Reflexão



