Nem todos os Titãs lutaram contra Zeus na grande guerra. Um Titã em particular tinha ajudado os Olímpicos - ele era diferente dos outros, mais esperto, mais compassivo.
Seu nome era Prometeu, e significa "aquele que pensa antes" (pré-medita).
Prometeu tinha um irmão chamado Epimeteu, cujo nome significa "aquele que pensa depois". Enquanto Epimeteu agia por impulso, Prometeu sempre planejava cuidadosamente.
Quando a guerra terminou, Zeus recompensou Prometeu por sua ajuda. "Que tarefa desejais, nobre Titã? Sois livre para fazer o que quiserdes na nova ordem do mundo!"
Prometeu sorriu. Ele já sabia exatamente o que queria fazer...
Prometeu desceu à Terra e pegou argila úmida das margens de um rio. Com suas mãos habilidosas de Titã, ele começou a moldar pequenas figuras.
Ele as fez à imagem dos deuses - com duas pernas para andar eretas, duas mãos para criar e construir, olhos para ver as estrelas, mente para pensar e sonhar.
Quando terminou, ele havia criado centenas dessas pequenas figuras de argila. Eram lindas... mas estavam vazias, sem vida.
Prometeu olhou para o céu e pediu aos deuses: "Dai vida a estas criaturas! Deixai-as caminhar pela Terra!"
Atena, deusa da sabedoria, ficou tão impressionada com o trabalho de Prometeu que ela mesma desceu. Ela soprou nas figuras de argila, e o sopro divino deu-lhes vida.
Os olhos de argila se abriram. Os corpos de argila começaram a se mover. As primeiras pessoas - os humanos - nasceram.
Mas havia um problema...
Os humanos eram fracos. Eles não tinham garras como os leões. Não tinham veneno como as cobras. Não tinham pelos grossos como os ursos. Não podiam voar como os pássaros.
Epimeteu, irmão de Prometeu, havia sido encarregado de distribuir dons para todos os animais. Mas ele, vivendo de acordo com seu nome (aquele que pensa depois), deu todos os melhores presentes para os animais primeiro.
Garras, presas, veneno, velocidade, força, pelos, escamas, asas - tudo dado aos animais. Quando chegou a vez dos humanos... não sobrou nada.
Os humanos tremiam de frio à noite. Eram caçados por predadores. Comiam carne crua e raízes. Viviam em cavernas escuras, com medo.
Prometeu olhou para suas criações e seu coração doeu. "Dei-lhes vida... mas não dei-lhes meios de prosperar. Preciso ajudá-los."
Prometeu foi até Zeus. "Senhor dos Deuses, peço permissão para dar aos humanos o fogo. Com ele, poderão se aquecer, cozinhar alimentos, afastar predadores e criar ferramentas."
Zeus franziu a testa. "Fogo? Não. O fogo é sagrado. Pertence apenas aos deuses. Os humanos devem permanecer inferiores, dependentes de nós. Se lhes dermos fogo, se tornarão orgulhosos e arrogantes."
"Mas senhor—" começou Prometeu.
"Silêncio!" trovejou Zeus. "Minha decisão é final. Os humanos não terão fogo."
Prometeu deixou o Olimpo com o coração pesado. Ele olhou para a Terra abaixo, onde seus humanos sofriam no frio e na escuridão...
E tomou uma decisão que mudaria tudo.
Na calada da noite, Prometeu subiu silenciosamente ao Monte Olimpo. Ele se esgueirou até a Forja de Hefesto, onde o deus ferreiro trabalhava.
Lá, queimava o fogo sagrado dos deuses - chamas eternas que nunca se apagavam.
Prometeu pegou uma grande tocha de funcho (uma planta com talo oco que queima lentamente). Ele acendeu a tocha no fogo sagrado.
Então, rápido como o vento, ele desceu de volta à Terra.
Ele foi de aldeia em aldeia humana, acendendo fogueiras. "Eis meu presente para vocês," disse ele. "Guardem este fogo com cuidado. Nunca o deixem morrer. Este é o fogo divino, e mudará suas vidas para sempre."
Os humanos olharam maravilhados para as chamas dançantes. Aqueceram suas mãos pela primeira vez. Cozinharam carne e descobriram que tinha sabor delicioso. Usaram tochas para afastar lobos e ursos.
Com o fogo, eles começaram a fazer ferramentas de metal. Começaram a cozinhar cerâmica. Começaram a criar civilização.
Prometeu sorriu. Seus humanos finalmente prosperariam.
Mas no Olimpo, Zeus acordou uma manhã e olhou para a Terra. Ele viu fumaça subindo de mil aldeias humanas. Viu fogueiras queimando. Viu humanos trabalhando metal.
"Prometeu!" rugiu Zeus, e sua voz fez o céu estremecer. "Você me desobedeceu!"
Prometeu foi chamado ao Olimpo. Ele foi calmamente, sabendo exatamente o que havia feito.
"Você roubou o fogo sagrado," acusou Zeus. "Você desafiou minha ordem direta. Você deu aos humanos o poder dos deuses."
"Sim," disse Prometeu simplesmente. "E faria de novo. Os humanos são belos e merecem a chance de prosperar. Você estava errado em negar-lhes isso."
O Olimpo ficou em silêncio chocado. Ninguém falava assim com Zeus.
O rosto de Zeus ficou roxo de raiva. "Você... você ousou me chamar de errado? Pagará por isso!"
A punição de Zeus foi terrível.
Ele mandou seus servos levarem Prometeu até o fim do mundo - até o topo do Monte Cáucaso, uma montanha fria e desolada nas bordas da Terra conhecida.
Lá, eles acorrentaram Prometeu à rocha com correntes indestrutíveis forjadas pelo próprio Hefesto! Prometeu não podia se mover, não podia escapar!
Mas isso não foi o pior...
Zeus enviou uma águia gigante (ou em algumas versões, um abutre). Todos os dias, esta águia voava até Prometeu e, com suas garras afiadas e bico cruel, abria o corpo do Titã e comia seu fígado.
Prometeu gritava de dor enquanto a águia se alimentava! A agonia era insuportável!
Mas Prometeu era imortal. Durante a noite, seu fígado se regenerava completamente. E na manhã seguinte, a águia voltava...
Dia após dia. Mês após mês. Ano após ano.
Prometeu sofreu sozinho no topo da montanha por séculos. Mas ele nunca se arrependeu.
Às vezes, viajantes distantes ouviam seus gritos. Às vezes, nuvens se moviam e podiam ver sua silhueta distante acorrentada à rocha.
Outros Titãs e deuses vinham visitá-lo. Alguns imploravam para que ele se arrependesse e pedisse perdão a Zeus.
"Apenas se arrependa!" diziam eles. "Diga a Zeus que estava errado! Ele te libertará!"
Mas Prometeu sempre respondia a mesma coisa: "Não estava errado. Os humanos mereciam o fogo. Eu escolhi sofrer para que eles pudessem prosperar. E essa escolha foi certa."
E lá embaixo na Terra, os humanos realmente prosperavam. Eles construíam cidades. Criavam arte. Escreviam poemas. Faziam descobertas.
E em suas fogueiras à noite, eles contavam histórias sobre Prometeu - o Titã que os amou tanto que desafiou o próprio Rei dos Deuses.
Os séculos passaram. A Terra girou. As estrelas mudaram no céu.
Até que um dia... um herói nasceu. O maior herói que já viveu. Seu nome era Hércules, e ele era filho do próprio Zeus.
Como parte de suas provações, Hércules viajou por todo o mundo. E em sua jornada, ele chegou ao Monte Cáucaso.
Lá, ele viu Prometeu acorrentado, sofrendo sua tortura eterna.
"Quem és tu, nobre?" perguntou Hércules.
"Sou Prometeu," respondeu o Titã fracamente. "Sofro aqui há mais de três mil anos..."
Hércules ficou chocado! Ele havia ouvido as histórias! Este era o Titã que deu o fogo à humanidade!
Naquele momento, a águia desceu para seu banquete diário. Mas Hércules, com suas flechas mágicas, atirou e matou a águia.
Então, com sua força sobre-humana, Hércules quebrou as correntes indestrutíveis.
Prometeu estava livre.
Quando Zeus soube que Hércules havia libertado Prometeu, ele ficou... surpreendentemente calmo.
Talvez tivesse passado tempo suficiente. Talvez Zeus tivesse finalmente entendido que Prometeu estava certo. Ou talvez ele simplesmente estivesse cansado da punição.
"Prometeu sofreu o suficiente," declarou Zeus. "Que ele seja livre, mas use sempre um anel de ferro como lembrança de suas correntes!"
E assim Prometeu voltou para o mundo, livre mas marcado para sempre por seu sacrifício.
Os humanos o celebraram como seu maior benfeitor! Construíram templos em sua honra! Contaram suas histórias!
E sempre que acendiam uma fogueira, lembravam: "Este fogo foi um presente de Prometeu, que nos amou o suficiente para desafiar os deuses!"
Reflexão



