Era uma vez um rei chamado Midas que governava a Frígia - um reino rico na Ásia.
Midas tinha tudo: um palácio lindo, jardins enormes, servos leais, uma filha querida.
Mas Midas amava uma coisa mais que tudo: Ouro.
"Ouro é a coisa mais linda do mundo," dizia Midas. "Brilha. Não estraga. Vale mais que tudo."
Ele passava horas olhando seu tesouro - moedas de ouro, taças de ouro, joias.
"Se eu pudesse," suspirava, "teria tudo feito de ouro."
Um dia, os servos de Midas encontraram um velhinho bêbado nos jardins do palácio.
Era Sileno - o velho sátiro que era tutor e amigo do deus Dionísio.
Sileno tinha se perdido durante uma festa e acabou dormindo nos jardins de Midas.
Os servos queriam expulsar o velhinho. Mas Midas foi gentil.
"Deixem-no. Deem-lhe comida e vinho. Cuidem dele."
Por dez dias, Midas tratou Sileno como hóspede de honra.
Fizeram festas. Contaram histórias. Riram muito.
Quando Sileno estava melhor, Midas o levou de volta a Dionísio.
Dionísio - o deus do vinho, das festas e da alegria - ficou muito feliz.
"Midas, você cuidou do meu querido amigo. Foi bondoso e generoso."
"Por isso, concederei um desejo. Qualquer coisa que quiser. Peça."
Midas não precisou nem pensar. Seus olhos brilharam.
"Grande Dionísio! Tenho apenas um desejo!"
"Quero que tudo que eu tocar vire ouro!"
Dionísio franziu a testa. "Tem certeza? Esse desejo pode—"
"Certeza!" disse Midas ansioso. "É tudo que sempre quis!"
Dionísio suspirou. "Muito bem. Seu desejo está concedido."
"A partir de amanhã ao amanhecer, tudo que tocar virará ouro."
Dionísio desapareceu.
Midas mal podia esperar. "Amanhã serei o homem mais rico do mundo!"
Aquela noite, mal conseguiu dormir de empolgação.
Quando o sol nasceu, Midas acordou ansioso.
Ainda deitado, tocou as cobertas da cama.
Zzzing! Viraram ouro puro.
"Funciona!" gritou Midas. "Funciona!"
Pulou da cama. Tocou a cadeira. Ouro.
Tocou a mesa. Ouro.
Tocou os travesseiros. Ouro.
Tocou as cortinas. Ouro.
"É maravilhoso!" riu Midas. "Incrível!"
Midas saiu para o jardim.
Tocou as flores. Viraram flores de ouro.
Tocou as árvores. Viraram árvores de ouro.
Tocou as pedras. Ouro.
Tocou a fonte. A água virou ouro líquido.
"Meu jardim é o mais valioso do mundo!" gritou.
Os servos olhavam espantados. "O rei enlouqueceu? Tudo está virando ouro!"
Midas tocou colunas. Tocou estátuas. Tocou paredes.
Tudo, tudo virava ouro.
Depois de horas transformando coisas, Midas sentiu fome.
"Tanto trabalho. Vou comer."
Sentou-se à mesa. Os servos trouxeram comida.
Midas pegou um pedaço de pão.
Zzzing! O pão virou ouro sólido.
"Oh," disse Midas. "Bem... vou comer outra coisa."
Pegou uma uva. Ouro.
Pegou queijo. Ouro.
Pegou um pedaço de carne. Ouro.
Tentou beber vinho. O líquido virou ouro líquido em sua boca.
Midas cuspiu. "Não... não consigo comer."
O pânico começou a crescer.
"Como vou comer? Como vou beber?"
Midas estava com muita fome. E sede.
Tentou água. Virou ouro.
Tentou frutas. Ouro.
Tudo que tocava para comer virava ouro.
"O que fiz?" Midas começou a perceber. "Vou morrer de fome!"
Então sua filhinha - uma menina de uns oito anos - entrou correndo.
"Papai! Papai! Por que está triste?"
Ela não sabia do poder do pai.
"Querida! Não—" gritou Midas.
Mas era tarde.
A menina abraçou o pai.
No instante em que tocou Midas...
Zzzing.
Ela virou uma estátua de ouro.
Congelada no meio do abraço. Olhos abertos. Mas sem vida. Só ouro.
"Não!" gritou Midas. "Minha filha! Minha filhinha!"
Midas caiu de joelhos chorando.
Tentou abraçar a estátua. Mas era só metal frio.
"O que eu fiz? O que eu fiz?"
Midas chorou e chorou.
"Eu sou um idiota. Quis ouro mais que tudo."
"E agora tenho ouro... mas perdi o que realmente importa."
"Minha filha. Minha comida. Minha vida."
"De que adianta todo o ouro do mundo se não posso abraçar minha filha?"
"Se não posso comer? Se não posso viver?"
Midas estava desesperado.
"Dionísio!" gritou. "Por favor! Volte! Eu fui um tolo!"
Dionísio apareceu. Ele estava sério, mas não zangado.
"Midas, tentei avisar. Mas você não quis ouvir."
"Eu sei!" chorou Midas. "Fui um tolo ganancioso."
"Aprendi minha lição. Ouro não vale nada comparado com amor."
"Não vale nada comparado com minha filha. Com comida. Com vida."
"Por favor, tire este poder. Devolva minha filha. Farei qualquer coisa!"
Dionísio assentiu. "Você aprendeu. Isso é bom."
"Vá ao rio Pactolo. Lave sua cabeça nas águas da nascente."
"Isso removerá o poder. Depois, leve água do rio e jogue no que quiser reverter."
Midas correu ao rio Pactolo.
Mergulhou a cabeça na nascente.
Sentiu o poder sair dele. Como um peso sendo tirado.
Tocou uma pedra. Permaneceu pedra.
"Funcionou!"
Encheu jarros com água do rio. Correu de volta ao palácio.
Jogou água na estátua de ouro da filha.
Zzzing.
O ouro desapareceu. A menina voltou à vida.
"Papai?" ela piscou confusa.
"Minha filha!" Midas a abraçou chorando. "Você está viva! Você está viva!"
Midas jogou água nas flores. Voltaram a ser flores de verdade.
Jogou nas árvores. Voltaram verdes e vivas.
Não transformou tudo de volta - deixou algumas coisas de ouro para lembrar.
"Vou deixar esta coluna de ouro," disse, "para nunca esquecer minha loucura."
Então Midas sentou-se e comeu. Pão de verdade.
"Esta é a refeição mais deliciosa da minha vida," disse. "Porque não é ouro."
Abraçou a filha novamente. "Você vale mais que todo ouro do mundo!"
Dizem que o rio Pactolo, a partir daquele dia, sempre teve pepitas de ouro em suas águas.
Porque Midas lavou seu poder dourado ali.
E Midas? Viveu muitos anos.
Nunca mais foi ganancioso.
Dividia suas riquezas. Era generoso.
E sempre dizia: "Ouro não compra felicidade. Não compra amor. Não compra vida."
"As coisas mais valiosas não são feitas de ouro!"
E ele estava certo.
Reflexão



