No dia 2 de janeiro de 1873, na cidade de Alençon, França, nasceu uma bebê especial. Era a última de nove filhos (quatro já tinham morrido pequenos). Seus pais, Louis e Zélie Martin, a chamaram de Marie-Françoise-Thérèse - mas todos a conheceriam simplesmente como Teresinha.
A família Martin era muito católica. Profundamente devota. Todos os dias rezavam juntos. Iam à missa. Cuidavam dos pobres.
Teresinha cresceu cercada de amor. Seus pais a adoravam. Suas quatro irmãs mais velhas - Marie, Pauline, Léonie e Céline - brincavam com ela e a mimavam.
Teresinha era alegre, carinhosa, mas também muito sensível. Chorava facilmente. Tinha medo de muitas coisas. E amava ser o centro das atenções!
Quando Teresinha tinha apenas 4 anos, algo terrível aconteceu.
Sua mãe, Zélie, ficou doente. Era câncer. Naquela época, não havia cura.
A pequena Teresinha via sua mãe ficando cada vez mais fraca. Cada vez mais pálida.
Em agosto de 1877, Zélie Martin morreu. Teresinha tinha apenas 4 anos e meio.
Foi devastador. Teresinha perdeu sua mãe querida. O mundo dela desmoronou.
No funeral, a pequena Teresinha olhou para o caixão e disse: "Mamma! Mamma!" Mas a mãe não respondeu. Nunca mais responderia.
Após a morte de Zélie, Louis Martin decidiu mudar-se com as filhas para Lisieux, outra cidade francesa. Lá moravam parentes que podiam ajudar.
Teresinha, que antes era alegre e extrovertida, mudou completamente.
Ela se tornou extremamente sensível. Tímida. Chorava por qualquer coisa.
Se alguém olhasse para ela de forma errada, chorava. Se alguém a corrigisse, chorava. Se ganhasse um presente e ele não fosse exatamente o que esperava, chorava!
Teresinha mesma diria mais tarde: "Eu chorava por ter chorado!"
Era difícil. Mas Teresinha tinha algo especial: um amor profundo por Jesus.
Teresinha escolheu Pauline, sua irmã, como sua "segunda mãe". Pauline cuidava dela, brincava com ela, e especialmente, ensinava-a sobre Jesus.
"Teresinha," Pauline dizia, "Jesus te ama muito! Você é a florzinha dEle!"
"Uma florzinha?" perguntava Teresinha com os olhos brilhando.
"Sim! As flores grandes e bonitas no jardim atraem atenção. Mas Jesus também ama as pequenas flores escondidas na grama - as margaridas simples, as violetas tímidas. Você é a florzinha de Jesus!"
Teresinha adorou essa ideia. Ela seria a "pequena flor" de Jesus!
Juntas, Pauline e Teresinha rezavam. Decoravam o quarto com imagens de Jesus e Maria. Faziam pequenos sacrifícios oferecendo a Deus.
Quando Teresinha tinha 9 anos, algo terrível aconteceu novamente.
Pauline anunciou que iria entrar no Carmelo - um convento de freiras contemplativas que vivem em clausura, dedicando-se totalmente à oração.
Para Teresinha, foi como perder a mãe pela segunda vez!
"Pauline! Não! Não me deixe!" Teresinha chorou.
Mas Pauline tinha sua vocação. Ela amava Teresinha, mas amava Jesus mais. E Jesus a chamava para ser Sua esposa no Carmelo.
Quando Pauline entrou no convento, Teresinha ficou devastada. Chorava todos os dias.
E então ficou doente. Muito doente. Tremores estranhos. Alucinações. Os médicos não entendiam o que era.
Teresinha estava tão doente que sua família pensou que ela morreria.
Louis Martin e as irmãs rezavam desesperadamente. Pediam a intercessão de Nossa Senhora.
No quarto de Teresinha havia uma estatueta de Nossa Senhora. Um dia, enquanto Teresinha estava na cama, muito doente, suas irmãs se ajoelharam diante da estatueta.
"Mãe do Céu!" choravam. "Salve nossa Teresinha! Por favor!"
E então... algo extraordinário aconteceu.
Teresinha olhou para a estatueta. E a estatueta de Nossa Senhora... SORRIU para ela! Um sorriso lindo, celestial, cheio de amor!
Instantaneamente, Teresinha foi curada! Completamente! Os tremores pararam. A doença se foi!
Foi um milagre!
Aos 11 anos, Teresinha fez sua Primeira Comunhão. Foi um dos dias mais felizes de sua vida!
Ela se preparou intensamente. Rezou muito. Leu livros espirituais. Fez sacrifícios.
No dia da Primeira Comunhão, Teresinha se sentiu unida a Jesus de forma profunda.
"Jesus," ela orou, "eu Te amo! Quero ser toda Tua!"
Naquele dia, Jesus plantou uma semente no coração de Teresinha. Uma semente de vocação.
Teresinha começou a sentir: "Eu também quero ser carmelita! Quero me dar totalmente a Jesus!"
Mas havia um problema: Teresinha era jovem demais. E ainda muito sensível. Chorava por tudo!
Quando Teresinha tinha 13 anos, algo incrível aconteceu. Ela chamou de sua "conversão".
Era véspera de Natal de 1886. A família tinha o costume: as crianças deixavam seus sapatos perto da lareira, e o pai colocava presentes neles.
Teresinha, aos 13 anos, ainda participava dessa tradição de crianças pequenas.
Ela subiu as escadas para tirar o chapéu. E ouviu seu pai dizendo lá embaixo: "Graças a Deus que este é o último ano que teremos que fazer isso!"
O pai estava cansado. Teresinha era grande demais para essas brincadeiras de criança.
Normalmente, Teresinha teria chorado. Teria se sentido ferida. Teria feito drama.
Mas algo mudou nela naquela noite.
Teresinha desceu as escadas... sorrindo!
Ela abriu os presentes com alegria. Agradeceu ao pai com carinho. Agiu como uma jovem madura, não como uma criança mimada.
Mais tarde, ela escreveria: "Jesus transformou meu coração! Na noite de Natal, o Menino Jesus me deu Sua força!"
A partir daquele momento, Teresinha mudou. Parou de chorar por tudo. Tornou-se forte. Corajosa. Madura.
Ela tinha 13 anos e meio. E tinha certeza absoluta: queria ser carmelita!
"Papai," disse Teresinha ao pai, "quero entrar no Carmelo. Quero ser freira contemplativa como Pauline e Marie!" (Marie, outra irmã, também tinha entrado.)
Louis Martin ficou chocado. Sua filha mais nova! Sua "pequena rainha" como a chamava! Com apenas 13 anos!
Mas vendo a determinação nos olhos de Teresinha, ele chorou. E concordou.
"Você é uma florzinha que Deus quer para Si," disse ele. "Não vou impedi-Lo de colhê-la!"
Teresinha foi ao bispo pedir permissão. Ele disse não. "Você é jovem demais!"
Teresinha foi ao superior do Carmelo. Ele disse não. "Espere alguns anos!"
Mas Teresinha não desistiu!
Em novembro de 1887, seu pai a levou em uma peregrinação a Roma - incluindo uma audiência com o Papa Leão XIII!
Era a chance de Teresinha! Centenas de pessoas passavam rapidamente diante do Papa. Eram instruídas a não falar com ele.
Mas quando chegou a vez de Teresinha, ela se ajoelhou e disse:
"Santidade! Em honra do seu Jubileu, permita-me entrar no Carmelo aos 15 anos!"
Os guardas ficaram chocados! "Silêncio! Não deve falar!" e tentaram afastá-la.
Mas Teresinha segurou firme as vestes do Papa. Olhou-o nos olhos com lágrimas.
O Papa Leão XIII, tocado, disse gentilmente: "Vá, vá, filha. Se Deus quer, você entrará!"
Teresinha voltou para casa e esperou. E esperou. E esperou.
Finalmente, em janeiro de 1888, a permissão chegou! Mas deveria esperar até após a Páscoa.
No dia 9 de abril de 1888, Teresinha Martin, com apenas 15 anos de idade, entrou no Carmelo de Lisieux.
Ela estava radiante de felicidade! Finalmente! Seu sonho se realizava!
"Estou tão feliz!" ela disse. "Vim ao Carmelo para salvar almas e rezar pelos sacerdotes!"
Teresinha não entrou no convento para fugir do mundo. Ela entrou para lutar por ele - através da oração e sacrifício.
Ela seria uma guerreira escondida. Uma vítima de amor. Uma pequena flor oferecida a Deus.
Sua jornada estava apenas começando...
Reflexão



